O puzzle ganha forma. Peça sobre peça.
Umas ficam, outras saltam fora. Outras, um dia irão sair para dar lugar a novas peças, sem no entanto apagarem a sua marca.
O edifício vai-se portanto construindo, em bases sólidas… mesmo? Se é resistente a todos os terramotos, inundações e outros episódios, é algo que nunca sabemos: até as catástrofes chegarem.
Dependerá da qualidade das fundações. Dependerá da qualidade do projecto. Dependerá do método de construção em si. Dependerá da manutenção do edifício.
Na verdade, vamos construindo vários “edifícios” ao longo da vida. Uns mais resistentes que outros.
Alguns, preferimos demoli-los, detoná-los e começar de novo. Outros, são permanentemente remendados e um dia se destroem.
Ainda outros, são corrigidos e depois duram para além do expectável, quem sabe mesmo para sempre.
O importante, é usufruirmos deles e sermos felizes, apreciando-os e ocupando-os com as nossas próprias vidas.
Ninguém disse que era fácil esta tarefa de pedreiro livre, de arquitecto cósmico, de desenhador espacial.
Mas mesmo com todos os percalços, o prazer em construir e desconstruir a vida, ainda que com todos os dissabores: vale bem a pena.
Puzzles multicolores, sabores doces e amargos, multiplicidade de sensações.
Densidade na vertigem, viagens intemporais, silhuetas desfocadas em escala cinza.
Nem bom nem mau. Nem certo nem errado. O princípio do fim, que começa com o fim do princípio. Qual paradoxo tosco: mas verdadeiro.
Ah pois.