Há dias em que desperto e percebo que vivo rodeado de pessimismo. Quando saio à rua e ouço as conversas. Quando olho nos olhos das pessoas e lhes adivinho a tristeza. Quando converso e ouço a descrição dos seus problemas e a forma como julgam não os poder vencer.
Por outro lado, eu próprio não quero ter as suas vidas. Quero antes a minha.
Não quero o dinheiro do Cristiano Ronaldo. Não quero a fama do Brad Pitt. Não quero ser mais jovem. Não quero ser mais velho.
Nem sequer queria que a vida me tivesse corrido melhor, porque aprendo todos os dias com a experiência das dores que tive e sorrio, quando penso nas dores que ainda terei e os ensinamentos únicos que delas extrairei. Até porque no encontro com a dimensão da dor, se aprecia melhor a dimensão do prazer, quando a vivemos.
Talvez gostasse de viajar mais. Mas na verdade, esse só seria um lamento de facto, se não me sentisse a viajar quando medito. Se não viajasse tanto quando dialogo com as pessoas com as quais me cruzo, se não viajasse tanto nos olhares que comigo se tocam, se não viajasse para tão longe… quando observo a natureza.
Talvez gostasse de ter mais tempo. Mas na verdade, o tempo que tenho, é o tempo de que preciso! Se tivesse mais, talvez não soubesse o que lhe fazer e não o aproveitasse tão bem, quanto sei que aproveito o tempo que agora tenho.
Não sou daqui… Sou de outra linhagem. De outra gente. Da terra do tudo e do nada.
Mas… nem sempre fui de tão longe daqui… a distância era talvez menor.
Mas agora sou dessa terra de longe. Dessa galáxia intemporal, onde os valores são outros e se vive na diferença, sentindo-a e aprimorando-a.
Sim, agora sou “desse Longe”. E é para lá que vou, a cada passo que dou.