Era sábado de manhã e (como ainda o faço cada vez mais raramente, nos poucos canais de televisão que ainda me despertam curiosidade), assistia a um pouco de um documentário sobre a vida animal, que sempre ajuda a perceber muito do que somos, também.
De facto, tirando documentários sobre história, vida selvagem, artes e matérias ligadas ao ocultismo, já pouco mais me motiva para ligar a televisão.
Cada vez menos a ligo, passando dias e dias que nem dela quero saber.
Mas dizia eu, assistia comovido (sim, a idade tem destas coisas e a forma intensa como vivemos a nossa vida também) ao desenrolar da vida de um pequenino ser de seu nome DANAUS PLEXIPPUS ou MARIPOSA MONARCA.
São as mais conhecidas “borboletas” da América do Norte, tendo sido introduzidas no século XIX na Nova Zelândia e Austrália, sendo as suas irmãs do Atlântico, residentes nas Ilhas Canárias, Açores e Madeira.
São conhecidas pela sua resistência e longevidade e pelo padrão laranja e preto facilmente reconhecível.
Têm uma envergadura de 8,9 a 10,2cm e pesam já adultas cerca de meio grama, sendo uma das maiores.
No geral, esta espécie vive quatro dias como um ovo, duas semanas lagarta, depois crisálida dez dias enquanto forma a sua dura capa protectora e finalmente entre duas/nove semanas como borboleta.
No entanto… existe uma geração que é apelidada de “Matusalém” e que vive NOVE MESES, migrando para trás e para a frente.
Iniciam a sua alimentação comendo o próprio ovo e depois as plantas de algodão sobre as quais nasceram.
O seu característico padrão alerta os possíveis predadores de que são: venenosamente fatais.
De Agosto a Outubro migram aos milhões para sul e depois para norte, na Primavera.
Esta espécie é um dos poucos insectos que se permite fazer travessias transatlânticas… Estamos a falar de uma migração de 5000km!
As que nascem no final do Verão, princípio do Outono, serão as que irão fazer esta travessia numa única viagem de ida e volta da sua vida.
Algumas chegam ao sudoeste da Grã-Bretanha e Espanha.
As ocidentais viajam do Canadá para a costa da Califórnia nos Estados Unidos, para passar o Inverno em pequenos bosques de eucalipto, ao passo que as do oriente viajam do leste para o centro do México directamente para os bosques de abeto e pinho.
Todas elas procuram o seu caminho sozinhas. Absolutamente: sozinhas… mas depois da migração feita, encontram-se todas, eventualmente acasalam e hibernam juntas.
Curiosamente, desde as suas ancestrais que encontram sempre o seu caminho.
Seguem as mesmas rotas nas mais diversas gerações directas e muitas chegam a inexplicavelmente pousar na mesma árvore (de mães e pais para filhas(os), para netas(os) e por aí adiante).
Um ciclo de vida, no mínimo desconcertante para uns.
Para outros… quem sabe de alguma forma, similar.
Um ciclo de vida, no mínimo desconcertante para uns.
Para outros… quem sabe de alguma forma, similar.