Ultimamente, tenho preferido ainda mais do que habitualmente, permanecer em silêncio.
Tal decorre do facto de meditar regularmente e de observar cada vez mais lucidamente a poluição visual, mental, orgânica e naturalmente sonora: em que estamos envolvidos.
De resto, muitas das conversas obtidas com alguns interlocutores, conduzem a discussões estéreis, desprovidas para mim de acréscimo intelectual, ou que gravem sentimentalmente sequer uma marca positiva.
Assim, o grupo de pessoas com os quais me dá verdadeiramente prazer quebrar o silêncio, é também o grupo no qual surgido o silêncio: não nos incomoda.
É por isso o grupo certo. Se é que se pode chamar um grupo, de tão reduzido que é…
A misantropia adquire assim, um carácter mais intrínseco na minha personalidade, cansado que estou das habituais vias de comunicação.
Prefiro cada vez mais a intuição, o sorriso, o abraço, o olhar.
Prefiro a palavra escrita, à palavra dita. Prefiro o livro, à televisão. A natureza, ao centro comercial. O passeio a pé, por contraposição ao passeio de automóvel. O silêncio, até mesmo à música… ainda que essa me continue a cativar, de resto como sempre.
Prefiro a meditação, ao diálogo efectivo. A verdade, à mentira.
E assim, uma nova jornada vai tomando corpo e tatuando-me eternamente. Sem regresso.
Já não era sem tempo.