#30 O Santo Graal

Todos temos os nossos monstros, os nossos esqueletos no armário, os nossos demónios.
 
A dado momento da caminhada, no meu caso particular, resolvi começar a fazer as pazes com eles. 
 
Ir percebendo de onde surgiram. Como se instalaram. Como a alguns alimentei e igualmente patrocinei. 
 
E a partir desse entendimento e de nos perdoarmos a nós próprios (uma árdua tarefa) podemos então iniciar um novo percurso, um novo caminho, que advém: dessa nova forma de caminhar.
 
Na verdade, de repente estarmos dentro deste nosso corpo físico, sem nos lembrarmos da sabedoria que algum dia foi nossa, das experiências que alguma vez atravessamos… não nos lembrarmos de nada mesmo… é terrível.
 
Essa amnésia com que nascemos, qual veneno perversamente administrado (quem sabe em algum tempo, por NÓS mesmos), apodera-se e invade esse frágil corpo… até ao dia em que descobrimos que nele habita um espírito forte.
 
E aí, começamos a lembrar-nos… e aos poucos, uma nova vida recomeça.
 
Ao início nem acreditamos! Porque não estamos habituados à magia, programados que estamos apenas para celebrar o culto do imediato e a sacrificar todas as esperanças e os nossos mais belos sonhos, ao Altar do Ilusório.
 
Mergulhemos enfim no oceano do paradoxo e redescobramos bem no fundo dele, a essência perdida, o cálice da vida, o Santo Graal.
 
 
É verdade, que mergulhos destes são perigosos.
 
 
Mas que melhor prémio para este enorme perigo pode existir, que não o de podermos renascer em vida, ou perecer tentando?